Hoje por pouco que ia escrevendo uma mensagem de ódio, aquele sentimento feio que ninguém quer sentir mas que, mal ou bem, todos acabamos por ter que suportar de vez em quando. Em vez disso decidi agradecer a mais um morto pelo trabalho que deixou antes de abandonar estes ventos.
Robert Mapplethorpe (1946/89).
Ao ver imagens captadas pela lente de uma qualquer máquina, penso sempre no processo que leva a um resultado final, mas antes de pensar no processo técnico, inevitavelmente, penso no processo mental que leva alguém a querer prepétuar uma visão.
Quando se pensa num cenário nem sempre se tem uma intenção de se usar esse cenário numa obra artísticas, por vezes simplesmente se pensa num cenário qualquer, por excitação, inspiração, medo, raiva e todos os sentimentos e sensações imaginaveis, no nosso dia a dia, em diversas situações. Contudo, para algumas pessoas parece ser importante que esses cenários sejam forma de comunicação com o mundo, seja ele exterior ou interior, já que muitas vezes é preciso comunicar para fora de forma a se chegar lá dentro. E ainda bem que é assim, caso contrário nunca teriamos o prazer de poder admirar todas estas comunicações que andam à nossa volta.
Pedir a um artista para falar da sua obra é por vezes o mesmo que praticar uma espécie de tortura. Nem todos os artistas sabem explicar por palavras o que nós queremos saber, por vezes nem eles sabem, mas é sempre interessante reparar no que uma obra nos diz acerca de quem a criou. Existem artistas com uma leitura gráfica e outros que nem tanto. Neste caso, não é de se ficar espantado quando se dá uma espreitadela na biografía de Robert Mapplethorpe e se fica a saber detalhes da sua vida que nos esclarecem acerca dos seus trabalhos de uma forma geral. Não era por ser bissexual, não era por ter uma afinidade pela prática do sadomasoquismo na vertente gay, não era por ter uma série de 'paranóias', era por isso tudo juntamente com o facto de ter um espirito criativo, por procurar de maneira incansável o prazer da satisfação em todas as formas e por viver insatisfeito.
O artista nunca está satisfeito... O artista vai-se satisfazendo